quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Vai ser difícil segurar o Timão...




O Corinthians é um clube diferente.
De nome inglês tem o time mais popular de São Paulo.
Pesquisas mostram que o seu torcedor é o que mais toma ônibus para ir ao estádio. E para voltar, nas violentas madrugadas paulistas.
Mas se engana quem pensa que o clube só tem adeptos maloqueiros e sofredores. Os corintianos nas classes A e B também são maioria, para espanto de tradicionais são-paulinos. De acordo com institutos de pesquisa.
Por trás de toda devoção corintiana, há um mercado consumidor imenso, só percebido agora.
Mesmo no período de paixão desenfreada, no jejum de 23 anos sem título, até o Paulista de 77, o dinheiro desse amor nunca chegou aos cofres corintianos.
A saída do antigo presidente, em meio a denúncias de corrupção, deu o start. Parece que acordou o clube para o seu potencial financeiro.
"Acordamos depois do período de trevas com Alberto Dualib. Nosso torcedor além de amar, quer ter um pedaço do clube junto a ele. Em todas as ocasiões. Ou seja: ele quer consumir. Pela primeira vez em cem anos de clube, nós enxergamos isso. Por isso a comemoração inédita de cem anos. Acredito que nunca no mundo houve nada parecido. E o torcedor entendeu. Nós queremos que ele consuma. E consumindo, além da imensa satisfação pessoal, sabe que fortalece o clube."
A palavras são do vice-presidente de marketing Luiz Paulo Rosenberg.
Ele incendiou o Corinthians desde o rebaixamento. Lançou a campanha "Nunca vou te abandonar" e vendeu quase 400 mil camisetas pelo Brasil. Fora as piratas.
"Com a campanha das camisetas, nós percebemos o quanto havia de potencial desperdiçado. E começamos com campanhas e mais campanhas. De adesão, sócio-torcedor, camisas roxas, navios. Mas a nossa grande aquisição foi Ronaldo."
Com a volta do jogador mais midiático do planeta, o Corinthians virou manchete no mundo. E soube capitalizar esse retorno conseguindo atrair patrocínios milionários. Estar no centro da mídia nunca foi novidade, mas desta vez de uma forma lucrativa. Ter o maior contrato de um clube de futebol da América Latina não é por acaso.
"Nós acordamos. Percebemos que poderíamos ganhar muito dinheiro. Tornar o clube não só popular, mas poderoso. Andar com as próprias pernas. Não ficar dependendo de dinheiro de televisão. Antecipar cotas para pagar salários. Viver devendo favor como os clubes brasileiros fazem", lembra Rosenberg.
O vice de marketing tentou arrendar o Pacaembu. Encontrou problemas burocráticos. Andrés Sanchez falou para ele não se preocupar.
Tinha um plano.
A construção de uma nova arena corintiana. Para isso iria usar sua amizade com o presidente Lula. Porém foi Rosenberg que, depois de desistir do Pacaembu, insistiu na enorme área em Itaquera.
Ficou tudo facilitado.
Com a Odebrecht se propondo a construir o estádio, a Copa do Mundo de 2014 será na casa corintiana.
Privilégio, dinheiro, prestígio.
Ter cem mil pessoas comemorando a virada do centenário no Largo do Anhangabaú não significa nada. Nem as centenas de milhares de torcedores vestindo branco e preto hoje. O Corinthians descobriu o caminho do dinheiro.
E quer seguir por ele.
Os dirigentes querem tornar o clube completamente independente. Uma força esportiva à parte no Brasil. A primeira missão de verdade neste novo século de vida é ousadíssima.
Não é avião, ter carro de corrida, caminhão nas pistas com as cores branca e preta.
Nem contratar qualquer jogador importante.
Nem mesmo ganhar a primeira Libertadores.
A principal e secreta missão corintiana foi inspirada em conselhos de dirigentes espanhóis. Do Real Madrid.
Criar o seu próprio canal de televisão.
Canal que transmita os jogos, tenha os seus próprios anunciantes, seu público fiel e consumidor para vender milhões de pay-per-view.
Há uma enorme resistência de quem possui o direito de mostrar os jogos no Brasil. Mas o Corinthians está se articulando. Tentando, com a ajuda da CBF, uma aproximação da emissora que controla o futebol no país.
Primeiro a sociedade. Depois a independência. E que ninguém duvide desse clube.
A fase do 'maloqueiro, sofredor, graças a Deus' - acabou.
O Corinthians caminha para ser um dos clubes mais ricos do mundo...

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